domingo, 15 de fevereiro de 2009

FOLHA DE SÃO PAULO 10/02/2009

10/02/2009 - 13h40
Prefeitura corta verba e Virada Cultural em SP será menor

AUDREY FURLANETOda Folha de S.Paulo
ADRIANA PAVLOVAcolaboração para a Folha de S.Paulo

A Virada Cultural, um dos principais eventos do calendário de São Paulo, será cortada em um terço em sua edição 2009. A medida faz parte do contingenciamento de 33% na verba da Secretaria Municipal de Cultura, dentro do pacote de cortes no orçamento da Prefeitura de São Paulo.
Público lota região do centro de São Paulo em show da Virada Cultural do ano passado
Marcada para 2 e 3 de maio, a Virada terá neste ano R$ 4,5 milhões, o que, segundo o secretário de Cultura, Carlos Augusto Calil, implica redução da área de abrangência e do número de palcos. No ano passado, foram R$ 6 milhões gastos em 800 atrações e 26 palcos somente no centro da cidade. "Já pretendíamos reformular, mas faríamos isso com tranquilidade orçamentária. Agora, vamos juntar as duas coisas: a reformulação e o corte", afirmou ontem o secretário.
Entre os palcos que ficarão de fora em 2009, estão o do parque Dom Pedro e da avenida Rio Branco, ambos no centro da cidade, que tiveram "pouco aproveitamento" na avaliação da secretaria. O palco instrumental, instalado no Anhangabaú em 2008, também deixará de existir naquele endereço. "Minha avaliação é que a gente pode recuar um pouco, sem perder a qualidade", disse Calil.
Segundo ele, a edição 2009 deve se encaminhar para a região do Jardim da Luz, também no centro, ponto de uma das principais atrações previstas, o grupo francês Carabosse. A ideia é criar um caminho de palcos até o local.
Além da Virada, o novo orçamento da secretaria --que passou de R$ 370 milhões para R$ 255 milhões-- vai comprometer projetos ligados ao Fundo Especial de Promoção das Atividades Culturais (Fepac), que atende espetáculos e companhias de dança, além das áreas de cinema e circo --o investimento em teatro está preservado, já que a área não integra o fundo.
Em 2008, o Fepac recebeu R$ 15 milhões. Em 2009, a verba será a mesma, mas terá outra finalidade: pagar projetos que não foram pagos no ano anterior. "Vamos priorizar os compromissos herdados de 2008. Quando cortam a mesada, o que você faz? Você se vira", conclui Calil.

Dança suspensa
Principal programa da secretaria na área, o Fomento à Dança está suspenso por tempo indeterminado. Ontem, a secretaria emitiu comunicado informando que, devido ao corte, "novos editais só poderão ser lançados à medida que os recursos sejam liberados". O sexto edital deveria ter sido lançado em janeiro deste ano.
O comunicado diz ainda que o pagamento dos grupos contemplados no quinto edital --lançado em outubro, inicialmente previsto para dezembro e até hoje não realizado-- será liberado imediatamente.
Com a notícia da suspensão, bailarinos, coreógrafos e produtores decidiram fazer uma manifestação às 14h desta sexta, na galeria Olido. A proposta é reunir pessoas do meio para elaborar um abaixo-assinado. "Vamos fazer um tremendo barulho para mostrar a nossa indignação. A dança não é uma arte comercial, por isso precisa de subsídios", diz o diretor Fernando Lee, do Núcleo Omstrab, contemplado em três editais do programa.
O Fomento à Dança teve início em 2006 e já beneficiou 66 companhias com verba total de R$ 9,43 milhões. Os grupos escolhidos ganham de R$ 40 mil a R$ 220 mil para um ano de trabalho, de acordo com o projeto.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Folha Online
13/02/2009 - 19h34
Dançarinos protestam contra fim da Lei de Fomento em SP

"Lei do fomento não é mesada." Foi com essas palavras de ordem que bailarinos, coreógrafos e produtores de dança abriram, nesta sexta-feira, às 14h, uma manifestação em frente a Secretaria Municipal de Cultura, no centro de São Paulo.
Leonardo Wen/Folha Imagem
Bailarinos, coreógrafos e produtores protestam no centro de São Paulo contra possível suspensão da Lei de Fomento à Dança
O grupo decidiu se reunir no local após obter informações não-oficiais de que a prefeitura suspenderia os editais da Lei de Fomento à Dança referentes ao ano de 2009.
Também foi pedida a liberação da verba do quinto edital (de R$ 1,9 milhão), que deveria ter sido repassada no segundo semestre de 2008 e que ainda não chegou aos grupos contemplados. No primeiro semestre de 2008, foram destinados R$ 2 milhões.
Segundo a assessoria de imprensa da secretaria, ainda não é certo que haja suspensão dos editais de 2009. O secretário Carlos Augusto Calil explicou aos manifestantes que a liberação da verba depende de recurso congelado pela Secretaria de Planejamento, inclusos nos 33% contigenciados no orçamento geral de todas as secretarias.
Disse também que, com o abaixo-assinado entregue pelos organizadores da manifestação, pretende negociar a liberação da verba com a prefeitura. Sobre os editais em atraso, o Secretário se comprometeu a "começar a liberação" a partir da próxima terça-feira.
Para um bailarino presente na manifestação que prefere não ser identificado, as respostas do secretário foram "evasivas". "Ele não se comprometeu com datas", disse.
O autor da Lei de Fomento à Dança, José Américo, que também estava na ocasião, acha inexplicável que o congelamento atinja apenas artistas de dança. "Acho que o Secretário tem que rever imediatamente esse situação, pois a lei foi criada para garantir estabilidade a esses artistas, e essa estabilidade agora está sendo ameaçada".

Folha de São Paulo, 14 fevereiro

Folha de São Paulo
São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009
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Secretaria de Cultura volta atrás sobre suspensão de fomento à dança
ADRIANA PAVLOVA - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Reunido ontem com cerca de 200 integrantes de companhias paulistanas de dança, o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, prometeu lançar ainda no primeiro semestre deste ano o 6º edital da Lei de Fomento à Dança, principal programa da área no âmbito da Prefeitura.O anúncio, realizado na galeria Olido, durante encontro improvisado de coreógrafos, bailarinos e produtores da área de dança, aconteceu cinco dias após a secretaria ter divulgado nota informando que, com o contingenciamento de 33% da verba da pasta, novos editais do Fomento à Dança estavam suspensos por tempo indeterminado.Durante o encontro, o secretário se comprometeu a buscar recursos para a próxima edição do programa, fixando a data de 31 de março para novas comunicações sobre a verba destinada ao fomento. Ele negou a extinção do programa. "Estou particularmente empenhado em lançar o 6º edital no primeiro semestre. Não há risco de extinção da Lei de Fomento à Dança. A mesma gestão que implementou este programa [foi lançado em 2005, pelo então prefeito José Serra] não pode extingui-lo. Ainda não sei de onde vai sair o dinheiro, mas farei um esforço para isso", disse o secretário.Pouco antes, no seu gabinete, Calil recebera um abaixo-assinado com cerca de 1.280 assinaturas contra a suspensão do programa, que ele prometeu entregar ao prefeito Gilberto Kassab. O secretário anunciou ainda que o pagamento da primeira parcela do 5º edital do programa, previsto para dezembro e ainda não realizado, será feito na próxima terça.Segundo Calil, com o corte do orçamento -a verba da Secretaria Municipal de Cultura caiu de R$ 370 milhões para R$ 255 milhões-, não é possível saber se os salários dos corpos estáveis do Teatro Municipal serão pagos no segundo semestre."Hoje, só temos dinheiro certo para pagar os próximos quatro meses de contrato e, quem sabe, outros quatros meses. Depois disso, não temos mais dinheiro. É algo urgente porque precisamos achar dinheiro para pagar esses salários", disse, referindo-se aos artistas que fazem parte da Orquestra Sinfônica Municipal, Orquestra Experimental de Repertório, Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, Coral Lírico, Coral Paulistano e Balé da Cidade.Representantes das principais companhias de dança da cidade estiveram na Olido, como Sandro Borelli, Vera Sala, Célia Gouvêa, Iracity Cardoso (da São Paulo Cia. de Dança) e Mariana Muniz, num ato que culminou com muita gente deitada no chão levantando as pernas para cima e alguns batendo panelas.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

CADERNO 2 - ESTADÃO

Terça-Feira, 10 de Fevereiro de 2009 Versão Impressa
Movimentos de reflexão
Livia Deodato

Tente se lembrar quando foi a última vez que você se programou para ir assistir a um espetáculo de dança contemporânea brasileira. Não conte com a desculpa de que a ala masculina da casa tenha torcido o nariz e preferido ir ao estádio de futebol em final de campeonato. Porque a dança não costuma ter ingressos caros, há companhias de qualidade que se dedicam a estudos intensos e os transformam em belos espetáculos e... ainda assim raros são os trabalhos que conseguem lotar as salas da capital durante sua temporada.Afinal, qual é o problema? Por que essa arte acaba sendo menos popular que o teatro ou o cinema? Seria o caso de julgar a ausência das palavras ou a falta de formação de público? A reportagem do Estado ouviu bailarinos e coreógrafos de grupos com uma boa estrada já trilhada a respeito do tema que provoca debates acalorados, principalmente dentro de universidades dedicadas à compreensão do corpo em movimento. Um dos maiores desafios enfrentados pela classe é conseguir extravasar no palco todo o pensamento desenvolvido em salas de ensaio durante meses, de forma que o resultado não se torne hermético - ou, em se tratando de corpo, "não converse com o próprio umbigo"."Acho que ser ?desgostado? pelo público foi importante para as vanguardas europeias no início do século passado, mas hoje em dia buscar essa relação com o espectador me parece totalmente fora do lugar. Aprecio trabalhos que inovam e, ao mesmo tempo, dialogam com o público", diz Juliana Moraes, bailarina formada pela Unicamp. No entanto, alcançar esse feito não parece das tarefas mais simples. Que atire a primeira pedra o leigo que nunca saiu de um espetáculo de dança encucado: "O que será que queriam dizer?" Assim como qualquer arte, a dança contemporânea serve como espelho da sociedade e, portanto, não vai expor somente o que é belo. Ela também quer e deve funcionar como um instrumento de reflexão."No caso do teatro, do cinema e até da música popular, se comparada com a erudita, existe um caminho mais curto entre a obra e o espectador. As palavras e o ritmo mais palatável facilitam a ligação do público com o que está sendo mostrado", opina Rodrigo Pederneiras, coreógrafo do Grupo Corpo. "Muitas vezes, o que acontece não só no Brasil como em todo o mundo é o fato de a dança contemporânea se preocupar com um conteúdo muito profundo e se esquecer do que está sendo apresentado. O casamento entre conteúdo e forma é fundamental, para qualquer obra de arte", complementa.Se uma série de questionamentos iniciais provocam o desenvolvimento de um novo espetáculo, não necessariamente ao ser levado para o palco eles despertarão os mesmas sensações e sentimentos ao público. A vivência e a experiência de cada indivíduo sempre irá propor um entendimento único, que pode inclusive estender o horizonte sobre determinados estudos. "A dança tem diversas ramificações e existem públicos específicos para cada uma delas. É necessário localizar esse público e informá-lo sobre o que está sendo tratado", opina a coreógrafa Claudia de Souza, que apresenta no fim de semana Jogo de Dentro, no TD do Edifício Itália.A dança não nasce por acaso. Inicia-se a construção de uma nova obra a partir da memória, de uma música, de um livro, de uma reflexão cotidiana - o movimento e o pensamento caminham lado a lado e dificilmente se dissociam. "Acreditamos que o ?sentir? surge com a reflexão. O ?sentir? que aparece do nada é incompreensível", dizem os bailarinos e coreógrafos Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira, que preparam O Animal Mais Forte do Mundo para estrear no Sesc Vila Mariana entre os dias 27 e 29 de março. "Falar de dança e começar pelo sentimento não é exatamente um bom lugar para nós, artistas pesquisadores e pensadores da dança. Se nos deixássemos levar pela emoção, poderíamos associar a nossa arte ao entretenimento."Sandro Borelli defende a pesquisa aprofundada para "não correr o risco de virar uma obra passional". "É preciso ter distanciamento, senão o risco de ela não amadurecer será grande", garante o coreógrafo que remonta Senhor dos Anjos, inspirada no poeta Augusto dos Anjos com estreia prevista para março na Galeria Olido, além de paralelamente criar um espetáculo baseado na figura mítica de Che Guevara. Deborah Colker também é partidária da opinião de Borelli. A coreógrafa, convidada para o novo show que o Cirque du Soleil vai estrear em maio no Canadá, acrescenta apenas o fato de que alinhada ao pensamento, à técnica e à criatividade está a beleza da coreografia. "Sendo dança, quem comunica é o movimento, que precisa ser belo, inteligente, sofisticado e eficiente."A unanimidade fica por conta da escassez de apoio e patrocínio, que limita atuações ousadas de artistas tão criativos. "Falta um projeto de cultura mais arrojado, uma distribuição de verba pública mais honesta. A continuidade, prezada por tantos grupos, é de extrema importância. O imediatismo destrói as possibilidades", afirma Borelli. Atraso no Lançamento do 6.º Programa de FomentoNa sexta-feira, representantes da área reuniram-se para debater a possível suspensão dos editais de 2009 da Lei de Fomento à Dança (14.071, de 18/10/2005). O programa, que entraria em sua 6.ª edição, tinha previsão de abertura em janeiro. Além disso, o 5.º Fomento já deveria ter sido pago no fim do ano passado, o que não ocorreu. Uma "manifestação de repúdio à arbitrária atitude da Prefeitura Municipal de São Paulo, do prefeito Gilberto Kassab, e da Secretaria de Cultura e seu secretário Carlos Calil" está sendo organizada pela classe na próxima sexta-feira, às 14 horas, no saguão da Galeria Olido, para um abaixo-assinado. A entrega do documento será protocolada para as 15 horas. Em comunicado enviado ontem, a Secretaria Municipal de Cultura alega que, "por motivos alheios à nossa vontade", o pagamento dos contratos referentes ao 5.º edital de Fomento à Dança passou a onerar o orçamento de 2009 e será imediatamente liberado. Assim, "em vista do contingenciamento de 1/3 do orçamento da Secretaria de Cultura, novos editais só poderão ser lançados à medida que os recursos sejam liberados".Teatro de DançaO polêmico projeto do Teatro de Dança, na Luz, será finalmente apresentado em abril pelos arquitetos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron. O complexo de 32 mil m², que vai abrigar três teatros (um com capacidade de 1.750 lugares), estimado em R$ 300 milhões, iniciará sua construção daqui um ano. "

domingo, 8 de fevereiro de 2009

DANÇA URGENTE: CONVOCATÓRIA A TODOS OS ARTISTAS ! ! !

No dia 06/02, reuniram-se profissionais, grupos e entidades da dança paulistana, INDIGNADOS com a anunciada suspensão dos editais de 2009 da LEI DE FOMENTO À DANÇA, a partir da 6º edição, que deveria ser lançada, por lei, em janeiro último. Tal suspensão pode levar a futura extinção do programa.

Convocamos a todos para uma manifestação de REPÚDIO à arbitrária atitude da Prefeitura Municipal de São Paulo, do recém eleito Prefeito Gilberto Kassab, da Secretaria de Cultura e de seu Secretário Sr. Carlos Calil.

PRÓXIMA SEXTA-FEIRA, 13 DE FEVEREIRO, ÀS 14H, NO SAGUÃO DE ENTRADA DA GALERIA OLIDO PARA ASSINATURA DE ABAIXO ASSINADO (a entrega será protocolada às 15h)

É IMPRESCINDÍVEL A PRESENÇA DE TODOS PARA ASSEGURAR AS NOSSAS REIVINDICAÇÕES.

[Em anexo a Justificativa da Lei de Fomento]



POR FAVOR DIVULGUEM A TODOS OS INTERESSADOS, E COMPAREÇAM.
Estiveram presentes na reunião:
Key Sawao – Key Zetta e Cia
Ricardo Iazzetta – Key Zetta e Cia
Wellington Duarte – Núcleo de Improvisação
Valéria Cano Bravi – Núcleo de Improvisação
Zélia Monteiro – Núcleo de improvisação
Julia Abs – Cia Vitrola Quântica
Aline Bonamin – Cia Vitrola Quântica
José Renato F. de Almeida - Mariana Muniz Cia de Dança / Núcleo Eu Et Tu
Georgia Lengos – Balangandança Cia
Anderson do Lago Leite – Balangandança Cia
Carmen Gomide – Cooperativa Paulista de Dança - Núcleo Eu Et Tu
Andrea Pedro – P.U.L.T.S. Teatro Coreográfico
Marcelo Bucoff – P.U.L.T.S. Teatro Coreográfico
Marcos L. Moraes – Núcleo Marcos Moraes
Fábio Villardi – Caleidos / Passolivre
Sofia Cavalcante – Passolivre
Eliana Cavalcante – Passolivre
Isabel Marques – Caleidos
Fabio Brazil – Caleidos
Samanta Roque – Caleidos
Fernando Lee – Núcleo OMSTRAB
Sandra Miyazawa – Núcleo OMSTRAB
José Maria Carvalho – Viver Núcleo de Dança
Adriana Macul
Babi Mavés – Cia Nova Dança 4
Cassia de Souza – Siameses
Maurício de Oliveira – Siameses
Sandro Borelli – Cia Borelli de Dança
Dudu Oliveira – Cia Borelli de Dança

Justificativa Lei Fomento

No mundo globalizado, um país sem uma cultura complexa e diversificada não é um país independente. Este papel libertador da cultura só se realiza plenamente quando ela estabelece um fecundo diálogo com a arte. A arte é doadora de sentido. É sobretudo através da arte que novas possibilidades de abordar o mundo e a vida são apreendidas. É também através da arte que os homens se sentem ligados e integrados a um grupo, a uma região, a uma cidade, ao identificarem em diferentes manifestações os reflexos dos seus anseios, sonhos e necessidades. Entre as artes a dança é aquela que trabalha com o próprio corpo humano, e se comunica através de seu movimento e sua inércia. O conhecimento do corpo e a exploração de suas potencialidades funciona como um primeiro estágio de integração a partir do qual um cidadão pode atuar de uma forma mais consciente em diversas situações de sua vida. A dança contemporânea tem por vocação a investigação de novas formas de se perceber o corpo e da relação deste corpo com tudo o que o cerca. Por isso ela é uma peça-chave na construção de um projeto de cultura que respeite a diversidade de um país. Como todas as artes que lidam com o aprofundamento da percepção e se apóiam na pesquisa a dança contemporânea necessita de tempo, paciência e reflexão, o que tem pouco interesse em um mercado que aposta na velocidade e em tudo o que é descartável. Por este motivo as atuais leis de incentivo não contribuem para seu desenvolvimento. Acreditamos que pelo interesse público implícito desta dança, o estado deve tomar para si a responsabilidade de fomentá-la através de políticas públicas. Este projeto-lei de Fomento à Dança se insere neste contexto.
O projeto-lei de Fomento à Dança vem com o intuito de apoiar a manutenção e o desenvolvimento do trabalho continuado em dança contemporânea. Ao garantir a diversidade dessa produção, fortalecendo ações que visem a difusão da produção artística, a formação do público, a garantia de um melhor acesso da população à dança, incluindo principalmente aqueles que jamais puderam ter contato com a dança contemporânea e que assim vivenciarão formas diferentes de abordar o corpo, desenvolvendo uma percepção crítica em relação a estes novos pensamentos corporais, colaborando na construção da sua cidadania de uma forma bastante concreta.
Estamos propondo na lei a quantia de R$6.000.000,00 para o fomento de no máximo 30 grupos por ano. Temos que considerar que o modo de produção da dança contemporânea não se faz em escala industrial e não tendo uma vocação comercial, ela não tem muitos meios de competir nos programas de renúncia fiscal. Sendo uma arte investigativa, ligada à pesquisa ela necessita de programas com uma visão de longo prazo.
A lei de fomento à dança vem somar-se a outras iniciativas já existentes, ampliando as alternativas de financiamento à cultura no município de São Paulo.